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O IMPERIALISMO NA ÁFRICA E NA ÁSIA

Atualizado: 8 de nov. de 2022

Por Bruna Carolina Teixeira Biffi; Débora Schmidt; Gabriela Pires Leonardo; Giulia B. Plassmann; Lara Dias Prado Salvador e Mateus Eduardo dos Santos (graduandos em História - Unioeste)


imperialismo na Africa
Cecil Rhodes e as possessões britânicas na África.

No século XIX surgiu, entre as potências europeias, uma nova corrida em busca de colônias direcionada para os continentes africano e asiático. Esse processo ficou conhecido como imperialismo.


Imperialismo ou neocolonialismo?


O imperialismo ou neocolonialismo diferenciava-se do colonialismo do século XVI porque foi impulsionado no contexto do capitalismo industrial e financeiro. Isto gerou entre as grandes potências europeias um clima de competição e de disputas por matérias-primas e novos mercados consumidores para a produção industrial excedente.

Assim, a ocupação de novos territórios era vista como meio para garantir o desenvolvimento de suas próprias economias e expandir seus poderes sobre outras regiões do globo.


Imperialismo na África – Os exploradores

Durante o contexto do imperialismo, vários exploradores, em sua maioria não cientistas, adentraram nas florestas tropicais africanas para avaliar suas potencialidades de exploração. O principal deles foi o missionário e explorador escocês David Livingstone, que percorreu 50 mil km através do continente. O repórter escocês Henry Stanley, enviado para encontrá-lo, o sucedeu nas explorações e logrou determinar o curso do rio Congo. O rei Leopoldo II da Bélgica, no afã de obter uma colônia, contrata Stanley que obtém tratados com chefes tribais que renunciam ao domínio de suas terras em favor do rei. O incômodo das grandes potências europeias, entre elas a Grã-Bretanha, se acirra quando o rei Leopoldo II estabelece a liberdade de comércio na área sob sua jurisdição, obrigando os concorrentes a fazer o mesmo.


imperialismo na Asia
Charge "A torta chinesa" (1898)

Conferência de Berlim

A disputa em torno do comércio colonial culmina com a Conferência de Berlim, que ocorre entre 1884 e 1885. A conferência visava discutir os termos da partilha territorial da África e regulamentar o livre comércio de exploração. Participaram da conferência e realizaram a partilha a Alemanha, França, Grã-Bretanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Império Otomano, Portugal, Holanda, Suécia, Rússia, Itália e Império Austro-Húngaro.

A França buscava na expansão imperialista recuperar sua posição de poder internacionalmente e obter ganhos para o setor privado. A Inglaterra expandiu seu império de norte a sul na África, ligando o mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho pelo Canal de Suez, fazendo do Egito território protegido. A Bélgica explorou a bacia do Rio Congo, tendo massacrado milhares de congoleses na exploração de trabalho forçado.


Imperialismo na Africa
Almanaque do pequeno colono - Argélia (1893)

Formas de domínio

A forma de exploração e administração dos territórios africanos foi diferente de acordo com as potências dominadoras e o tipo de populações e territórios dominados, podendo ser de forma direta ou indireta. Um exemplo de domínio direto foi sobre a Argélia pelos conquistadores franceses, que exigiram das tribos a apresentação de títulos de propriedade. Antes da conquista, porém, esses povos não demarcavam as terras, pois não havia propriedade privada individual. Assim, os franceses, seguindo suas leis, sequestraram as terras dessas tribos, venderam a sociedades colonizadoras que as loteavam.

Já o domínio indireto foi exercido por meio dos protetorados, como no caso da Tunísia e do Egito, no norte da África. Os governantes locais continuavam no poder, mas eram fiscalizados por um representante do país conquistador. O objetivo era garantir a cobrança das dívidas públicas, obter vantagem comercial e impedir que a terra fosse conquistada por outro país. Em troca, se garantiria a proteção dos interesses dos governantes locais, mas eles tinham soberania limitada, não podendo realizar nenhum acordo diplomático sem consultar o país conquistador.


Missão civilizatória

Os povos europeus justificaram a ocupação em territórios africanos e asiáticos como uma missão civilizatória, por meio da qual levariam civilização e progresso aos povos considerados por eles atrasados. Muitos administradores, cientistas, educadores, missionários tinham o intuito de transmitir a cultura cristã ocidental, modificar a gestão do território e impor a cultura europeia.

ideologia do imperialismo na África e na Ásia
Charge "O fardo do Homem Branco" (1899)

A igreja católica e religiosos protestantes investiram num surto missionário visando converter as populações locais, mediante a crença de que estariam cumprindo uma missão sagrada ao divulgarem o cristianismo.


Resistências ao imperialismo

Durante o domínio imperialista houve vários movimentos de resistência dos povos africanos e asiáticos como exemplo a resistência do Império Zulu em 1879. Visando conquistar reservas de diamantes, os ingleses travaram batalha com zulus e foram derrotados. A vitória britânica subsequente resultou no fim do Império Zulu, que acabou por ser dividido em 13 colônias. Ou ainda na Costa do Ouro quando o povo Ashanti deflagrou uma rebelião depois que os colonizadores ingleses retiraram do poder os representantes locais. Após uma sequência de batalhas sangrentas, o movimento chegou ao fim e os líderes foram deportados. Outro exemplo de resistência ao imperialismo ocorreu na África Oriental dominada pelos alemães, ocorreu entre 1905 e 1907 a revolta dos Maji-Maji. Seu líder Kinjikitile reuniu diversos grupos que resistiram à exploração e violência, até ele ser enforcado.


Imperialismo na Ásia

Já na Ásia a presença de países europeus já vinha desde o mercantilismo, com o comércio de especiarias e tecidos. A partir do século XIX essa presença foi expandida. Exemplo da força dessa presença europeia foi a Companhia das Índias Orientais, por meio da qual os ingleses passaram a dominar a Índia de 1784 a 1858. O impacto disto foi a cobrança alta de impostos, o controle das tropas de nativos e a destruição do setor artesanal da indústria indiana.

O domínio inglês se estendeu até a China, quando ingleses, mas também franceses e americanos percebem a possibilidade de explorar e comercializar o ópio e a prática desse vício. Porém, o governo chinês, percebendo os prejuízos que isso trazia para a população, estabeleceu uma política de penas rígidas para o contrabando e a comercialização ilegal desse produto. Os europeus se sentiram prejudicados, dando início a represálias que levaram à chamada Guerra do Ópio que durou de 1839 a 1842. Desta Guerra saíram vitoriosos os europeus, pois a China foi forçada a abrir seus portos, favorecendo os interesses políticos e econômicos europeus.

O Japão também foi muito almejado por potências imperialistas no século XIX. Em 1854, os Estados Unidos forçaram a abertura dos portos japoneses para os produtos ocidentais, pondo fim ao isolamento comercial com o ocidente. A partir de 1868 o Japão iniciou um processo de modernização de sua economia que desencadeou um rápido desenvolvimento industrial. Esse período ficou conhecido como Era Meiji. Com isso o Japão pôde evitar a expansão do imperialismo ocidental em seu território e, ele próprio, se tornar um país imperialista. Até o ano de 1914 a Ásia esteve sob domínio europeu, com exceção do Japão.

O imperialismo sendo o processo de expansão dos países europeus motivados pela busca de matérias-primas, mercados e poder, originou uma significativa mudança no mapa político do mundo, resultando na formação de enormes impérios coloniais.



[1] Cecil Rhodes e as possessões britânicas na África. Ilustração de Edward Linley Sambourne.

[2] The Chinese Cake (A Torta Chinesa). Ilustração de Henri Meyer. Le Petit Journal. Janeiro, 1898.

[3] Almanach du petit colon algérien (Almanaque do pequeno colono). Por Alphonse Birck, 1893.

[4] The White Man’s Burden (O fardo do homem branco). Charge de F. Victor Gillam. April, 1899.

[5] História geral da África, VII: África sob dominação colonial, 1880-1935 / editado por Albert AduBoahen. 2.ed. rev. Brasília: UNESCO, 2010.

[6] MESGRAVIS, Laima. A colonização da África e da Ásia. São Paulo, 1994.

[7] HOBSBAWN, Eric J. A Era dos Impérios 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.

















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